terça-feira, 7 de agosto de 2007

Sobre a faculdade de enlouquecer pessoas

É um poder talvez mais comum do que se imagine. Talvez seja um poder flutuante, que só surge em determindas épocas, em determinadas circunstâncias. Certas pessoas são capazes de confudir nossa cabeça de tal forma, que com os pensamentos todos embaralhados imaginamos as histórias mais mirabolantes, as situações mais improváveis, e o pior- acreditamos nelas!

Essas pessoas enlouquecedoras se aproximam de nós demonstrando um certo sentimento, um certo caráter. Mas via de regra, agem de um modo que pode ser interpretado facilmente como completamente contrário ao que dizem ser. Como se não bastasse, outras pessoas começam a ser envolvidas na história, pessoas essas que quase sempre estavam mais perto do que você imaginava, e para sua surpresa podem influenciar completamente na sua vida.

É aí que começa a magia, ou feitiço, ou a transmissão de ondas telepáticas , o que quer que seja que esse poder faça, ele exerce uma influência psíquica-psicológica, que te deixa tão incomodado com o caso que quando vai analisá-lo sua mente embaralhada não consegue ter clareza. Ao passo que a pessoa vai se aproximando de você cada vez mais, te envolvendo cada vez mais, e quando você vê, pensa mais nela do que queria, ou melhor, pensa mais na confusão do que seria saudável, até atingir um estágio quase obcessivo. Nesse momento você tenta se afastar, e alguns até conseguem tal feito. Outros, porém, com ajuda do destino, ou do acaso, são colocadas em circustâncias em que é impossível fugir do efeito do enlouquecedor. Ocorre então um afastamento afetivo mas não físico, o que faz com que o resultado das ondas telepáticas aumentem, até que a força magnética entre os dois desfaça a separação.

Esse estágio é o mais perigoso. É quando o enlouquecedor vira o jogo, e ele próprio provoca o afastamento, sem deixar de transmitir suas ondas maléficas. Para aumentar o dano, ele faz isso de modo que primeiro se imagine uma possível reconciliação iludindo a pessoa sobre os sentimentos que estariam em jogo. E logo após demonstra uma certa aversão ao que ele própio determinou, cortando em seguida os laços de comunicação. A pessoa enlouquecida fica desamparada sem saber o que pensar e sem a mínima noção do que está acontecendo na cabeça do agente enlouquecedor.

Como deter esse tipo? Existe alguma proteção sobre sua influência? E depois que o dano já foi causado, o que fazer para remediar? Até aonde o enlouquecedor será capaz de ir para se satisfazer? Essas são as respostas que busacamos encontrar, para o bem da própria humanidade.

domingo, 5 de agosto de 2007

Bar do Portuga

Que vê do lado de fora acha que é um buteco como todos os outros, que a galera vai pra tomar cervejada numa sexta à noite. Mas quando você entra a sensação é de surpresa. Pra começar a porta é daqueles bares de faroeste, que combina perfeitamente com os assentos do balcão- feitos de sela de cavalo. As paredes são de um tom avermelhado e a iluminação é mais fraca, o que deixa o lugar bem aconchegante. Estava esperando um boteco copo-sujo, mas me deparei com um ambiente familiar de decoração pitoresca- Lá dentro haviam vários casais sentados nas mesas, e minha amiga e eu montadas no balcão. Este também tinha outra peculiaridade: Era decorado com moedas de várias épocas, vários países, e também notas antigas, que ficavam embaixo do verniz, o que fez com que eu achasse que era um desenho ou uma pintura, mas minha amiga me tirou a dúvida- eram mesmo de verdade! Pedimos um chopp, muito bom por sinal, e me pus a reparar a decoração à minha volta.


Pra começar, a porta do congelador da Skol estava coberta com desenhos de uma criança, da filha do português, que era o dono do bar e também ficava no balcão atendendo e anotando pedidos. Em seguida reparei dois barris: um era grande e de madeira, guardava o chopp, e o outro em cima do balcão, parecia ser feito de acrílico por fora mas tinha uma textura de madeira e formato de tronco de árvore. Descobrimos depois que armazenava o licor da casa, feito a base de cachaça e com um leve sabor de menta. Enquanto Tomávamos nosso chopp e conversávamos o portuga colocou na nossa frente dois pires, um doque parecia ser uma espécie de semente, grão ou broto, tinha forma de confete mas era de uma cor crua,meio bege, e era úmido. O outro vazio. "Morde, tira a casaca e coloque aqui" ele falou com aquele sotaque português mostrando como se comia o aperetivo estranho. Perguntamos como se chamava mas nem eu nem Aline entendemos o nome direito, algo parecido com "toromosso", mas sabemos que é muito comum entre portugueses, árabes e um outro povo que não me lembro mais no momento.


Aproveitando o momento começamos a conversar com o dono do bar, elogiar o chopp, a música e a decoração- estava tudo muito agradável. Conversa vai, conversa vem, descobrimos que o nome dele era Mário, já tinha vivido nos Esetados Unidos muitos anos e estava há apenas 4 anos no Brasil. Já fazia mais de vinte que havia saído de Portugal. Se ele preferia aqui ou os EUA? "Não dá pra comparar, são dois lugares muito diferentes, cada um ao seu estilo de vida." Gostava de ter o Bar mas não era o que ele tinha imaginado pra si- Uma vida calma na fazenda... Enfim, eu e Aline somos tão simpáticas que conquistamos a simpatia do seu Mário, e até mesmo do garçon, e acabamos ganhando duas doses cada uma do aperitivo da casa! Ou talvez tenhamos chamado atenção de todos por sentarmos nas selas, já que o público de lá era mais casal mesmo e ficavam nas mesas. Bem reparamos que tava todo mundo olhando...


Mas tem coisa mais divertida que montar numa sela e tomar chopp num balcão repleto de moedas, ao mesmo tempo em que se admira os detalhes de toda aquela decoração inusitada? Durante toda a noite me ocupei em guardar os detalhes. A parede era toda patinada, o teto de bambu, e o forro da área do balcão de telhas; e assim como no teto e nas paredes a iluminação se dava por uma mistura de objetos pertencentes a cenários totalmente distintos: pequenos candeeiros enfeitavam os espaços entre as mesas, equanto outro maior proporcionava uma iluminação mais ou menos leve com uma lâmpada fluorescente no seu interior. E no teto dependurava-se um candelabro de velas, daquelas que têm uma lâmpada diminuta imitando a chama. Nas paredes gravuras, tapeçarias, quadros, e serrotes! Serrotes de verdade pregados na parede, com um círculo de madeira sendo cortado.



Algo que reparei só no final da noite foi a sineta. O balcão tinha uma abertura para o lado de fora por onde entregavam os pedidos, e a sineta que servia para chamar atenção do portuga era um penduricalho de estilo místico ou esotérico, feito de metal com tres pingentes: Dois sóis e uma lua no meio. Foi de longe o que mais me atraiu, já que adoro esse estilo. Já para Aline o que mais fez sucesso foi a máquina de café expresso que ficava do lado do barril de licor- Ela é viciada em café. Depois dos chopps pediu um para experimentar, e o pó era de altíssima qualidade- Pelo menos o cheiro estava divino...



A essa altura já era quase meia-noite e íamos virar abóbora, então pedimos a conta (que acabou saindo baratíssima, já que o portuga não nos cobrou nem o cover nem os aperitivos) e ligamos para a carona. Nos despedimos de Mario com a promessa de que iríamos voltar lá, e dá próxima vez iríamos tomar mais chopp, aperitivo e café, montadas na sela, é claro. Penso em ir já nessa sexta-feira. Tirarei fotos!