domingo, 29 de julho de 2007

Pedras

Noites de insônia
Travesseiros molhados
Marcas de unhas nas mãos....
Por fim a aceitação.

Ainda assim, persite uma esperança
Incômoda
De que um dia o botão desabroche em flor.

Talvez porque precisasse desse diamante-bruto
Talvez porque pensasse que fosse o único
Mas afinal, talvez, nem fosse diamante.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Desejo

Ela acordou com uma música no vizinho. Seus vizinhos sempre tinham gosto bom pra música, por isso nem se incomodava. Achva gostoso acordar, ficar na cama ouvindo a música baixinha... Quase sempre era um piano tocando. Continuou deitada alguns minutos, quietinha, esperando pra ver se conseguia lembrar o que sonhou. Era um sonho gostoso...Ah, sim, aquele cara. Sonhara com ele.

Levantou de uma vez.Tinha dormido com a cortina aberta, para deixar a luz entrar de manhã e acordar mais delicadamente. Assim acordaria mais cedo. Ainda que não tivesse nada pra fazer, ainda que estivesse de férias e todos os seus amigos estivessem viajando, ainda que estivesse sozinha em casa e na cidade, queria acordar. Levantou da cama e trocou de roupa. Daria um passeio? Pela janela entrava o sol forte e quente. Sim, o dia era bem bonito para um passeio. Mas que sabe depois? Primeiro um café...sentar no sofá assistindo TV, ou apenas ouvindo a música do vizinho.... Hum, hum hum...cantarolava a melodia sem saber a letra. Tudo calmo em casa e resolveu ligar o computador. E ao digitar o endereço certo e começar a aparecer a página, um nervosismo que era quase um pressentimento- Vai chegar alguma notícia. Não sei se vou gostar.

E ao mesmo tempo, do nada veio o pensamento- acho que ele gosta de mim de verdade, acho que gosta mesmo.

E para que entendesse as duas mensagens conflitantes, foi para outro site, tomar coragem de abrir seu e-mail. Pensou, pensou, pensou- o que poderia ser? Uma decepção, com certeza. Se era uma mensagem que não iria gostar, e achava que ele gostava dela de verdade, então era uma mensagem que dizia que ele não gostava dela... Então ele não gosta! Decepção, mas também não era o fim do mundo. Amanhã a vida continua e outros homens estão lá fora livre e desempedidos. Era até melhor. Pra que insistir no que lhe faz mal? Conformou-se, já que era pra se decepcionar vamos fazê-lo de uma vez. E foi abrir a mensagem. E nem um nem outro, não era tão simples assim. Nem eu te amo muito menos eu te odeio. Nem sim nem não. E continuava tudo em suas mãos. Por um lado alívio, por outro dúvida. Ele falara a verdade- em partes. De novo isso tudo...

Algumas coisas na sua vida insistiam em ser uma constante repetitiva. Sempre se envolvendo, se apaixonando, sem ao menos saber quem é a pessoa. Mas acaba que é sempre assim: Encontro, conhecimento, desencontros, desencontros, desencontros, paixão, que não se controla; vontade...e o perigo. O perigo sempre presente, mas que ela ignora, e continua se envolvendo, vai andando de olhos fechados. Espera cair. Mas no final sempre recebe flores de reconciliação- Rosas vermelhas. O amor sempre cega e o que se vê é a cor berrante que te chama, é divertida. Acaba, sim. Más só depois das rosas, só com a distância. Tudo igual, com esse também vai ser... E aí cansou de ouvir a música do vizinho, cansou do computador, foi ligar o rádio- o velho rádio a pilha que tinha o tunnig manual ainda- e estava tocando Ana Carolina. 'Porque eu gosto é de rosas, e rosas, e rosas'. Sim, ela também gosta de rosas. Dizia que não, mas como ignorar? No final, ela gosta de rosas. 'Toda mulher gosta de rosas, rosas e rosas...' Que sempre são vermelhas, e acompanhadas de bilhetes a deixam satisfeita, ainda que nervosa.

Toda mulher gosta, nem que seja só de vez em quando,de um amor desentendido. Confesse, pare de se enganar. Era isso que ela queria, era por isso que acontecia sempre a mesma coisa. Ainda que achasse que era obra do acaso. Não. Ela que queria. Aquele namoro montanha-russa, cheio de altos e baixos, brigas e discussões- Algumas em público. No outro dia um "desculpe" e "eu te amo,não consigo viver sem você..." aquelas mentirinhas que a gente conta e o outro finge que acredita. Desencontros, desentendimentos, discussões, e outra coisa com D que não conseguia lembrar...

__Alô? Oi...Caramba, acredita que sonhei com você hoje?...

Ah sim, Desejo.

__Não, não vou fazer nada... Claro que eu quero te ver!

E no fim... ele sempre liga, ela sempre atende.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Autólise

Meus olhos furados com agulha
Escuridão emerge dentro e fora
Os ouvidos preenchidos com cera
silêncio sepulcral

Garganta cortada
não emito mais nem um ruído

Me desmancho em lágrimas, literalmente
minha pele vai derrentendo aos poucos
minhas vísceras saem pelos olhos
lágrimas de sange

Massa disforme no chão.

Algumas coisas que eu escrevo me dão medo.

Me engana

Inevitável pensar em você
inevitável ver o seu rosto
inevitável sentir o seu cheiro
imaginar os seus braços me enlaçando
o seu beijo em meu pescoço

Você é presença constante
Essência que se alojou em mim
posso estar longe ou perto
levo sempre você comigo

agora me diz
que você é todo meu
que não pensa em mais ninguem
só meu...
fala que me ama como nunca amou ninguem
e que só vai me amar
pra sempre!

Me engana...

O tema não é poesia mas eu gosto dessa.Tem mais de onde saiu e quem sabe um dia não faço um blog em versos...